Jornal Pequeno
Um dilema se ergue sobre os Sarneys: o
enfrentamento de processos na Justiça que surgem contra familiares, parentes e
amigos. O dilema é enfrentar essas ações em situação adversa; um problema para
um grupo que se acostumou, sob a tutela do tráfico de influência, a vencer
quase todas as questões judicializadas em torno de seus atos, fosse no juizado
singular, na segunda ou na terceira instâncias.
No caso da Lava Jato, por exemplo, são citados
por delatores o ex-presidente José Sarney e o ex-ministro Edison Lobão,
acusados de receber milhões em propina da Transpetro. Na mira do Ministério
Público Federal (MPF) está o ex-secretário de Saúde Ricardo Murad, num processo
que apura desvio milionário.
Integrantes do grupo parecem, também, sob
acusação de negociar precatório da UTC Constran, que também teria sido custeado
por propina entregue por Alberto Youssef a emissários do governo Roseana
Sarney. E, por último, vem à tona esse rumoroso caso da Secretaria de Estado da
Fazenda, que alcança, além da ex-governadora e do ex-secretário Trinchão,
outras nove pessoas.
A Justiça age de modo diferente do passado.
Deputados, senadores, ex-governadores, milionários e bilionários estão, de
fato, indo parar na cadeia. E, o que é pior, o Supremo Tribunal Federal (STF)
revê todas as suas teses, garantindo a possibilidade de prisão a condenados em
segunda instância. E ainda, pelo que se está percebendo, o foro privilegiado,
que nenhum deles tem mais, não sobreviverá neste país.
É, de fato, uma situação incômoda para os
Sarney, que, naturalmente, reagem como podem; até insinuando, no caso
específico desse escândalo da Sefaz, que a mão pesada do Estado, como um todo,
estaria sendo usada para evitar um suposto crescimento eleitoral da
ex-governadora Roseana Sarney, “já devidamente detectado em monitoramentos
feitos pelo Palácio dos Leões”; uma tese, convenhamos, que não se sustenta na
realidade observada hoje no Maranhão.
Finalmente, como tanto os catedráticos e
literatos apreciam as frases feitas, talvez seja o caso de citar, aqui, o que
foi expresso por Diderot: “Tudo se destrói de uma forma para se reconstruir
depois de uma forma diferente”.
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