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terça-feira, 2 de maio de 2017

MARANHÃO: Polícia foi mobilizada para prender quem praticou violência em Viana contra os Índios , diz governador Flávio Dino


O governador Flávio Dino afirmou nesta segunda-feira (01) que equipes da Polícia Civil e da Militar foram mobilizadas para localizar e prender todos os que violaram a lei e praticaram violência no conflito entre agricultores e indígenas na cidade de Viana, nesse último domingo.

Flávio lembrou que o governo do Estado não é responsável legalmente por conflitos envolvendo supostas terras indígenas. “Competência federal, diz a Constituição”, escreveu o governador no Twitter.

Ele acrescentou, no entanto, que “o governo do Estado, tão logo tomou conhecimento, tomou todas as providências para evitar continuidade de conflitos violentos”.

Flávio disse que há muitas informações desencontradas sobre os feridos no conflito e que o governo do Estado só vai confirmar notícias quando houver certeza. “O governo do Maranhão tem seriedade. Informações desencontradas devem ser verificadas. Estamos fazendo isso. E agindo na região.”



“Um dos modos de aumentar conflitos é divulgar informações imprecisas e desencontradas. Por isso não cometeremos esse erro”, afirmou.
“Repudio qualquer violência, sejam ou não indígenas. Tudo será apurado pela Polícia e entregue ao Ministério Público e ao Poder Judiciário”, acrescentou o governador.

“Se políticos tiverem participado ou instigado atos de violência, o governo do Maranhão vai pedir investigação nas instâncias competentes”, disse.
Em relação à definição se há ou não terras indígenas na área, Flávio frisou que isso cabe ao Governo Federal, conforme determina a Constituição.

Nota oficial sobre a violência ocorrida em Viana

Sobre a lamentável violência ocorrida no povoado Bahias,  município de Viana, o Governo do Maranhão informa que:

1 - A Polícia Militar do Maranhão atuou imediatamente no último domingo (30) apos ter conhecimento do conflito entre moradores da região e um grupo que reivindica reconhecimento como povo Gamela, evitando assim uma tragédia maior. A PM permanece no local com reforço do efetivo;

2 - Durante o confronto, sete pessoas ficaram feridas, sendo cinco gamelas e dois não-gamelas. Um dos gamelas teve fratura exposta nas mãos, foi operado e continua internado. Dos sete feridos, três permanecem internados;

3 - Equipes da Polícia Civil foram imediatamente encaminhadas ao local e a Secretaria de Estado de Segurança Pública já instaurou inquérito para investigar as condições em que o conflito ocorreu. Equipe da Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular também está sendo deslocada para a área em conflito.

4 - O Governo do Estado encaminhou ofício ao Ministério da Justiça, pois compete ao Governo Federal definir se as terras em questão são indígenas ou não.

Entenda o caso



Há uma reivindicação de reconhecimento do povo Gamela e, ao mesmo tempo, um movimento pela retomada das terras que lhes pertenceram no passado;

Tal reconhecimento ainda não foi efetuado pela Fundação Nacional do Índio ( Funai), responsável único por reconhecer ou não;

A tentativa de retomada das áreas põe o movimento Gamela em confronto direto com posses de trabalhadores rurais já consolidadas e também com fazendeiros;




Não há nenhuma determinação legal de desapropriação das áreas com domínio consolidado e devolução aos Gamelas.

O Estado tem mediado a tensão, oportunizando diálogos e tentativas de entendimentos.





Há um clima hostil dos dois lados. O evento de ontem teve pronta ação policial e a PM continua no local.Um processo foi instaurado para apurar responsabilidades.

                                                 O MASSACRE


Por ED Wilson Araújo

O massacre de índios Gamela, na zona rural de Viana, a 220 Km de São Luís, coloca o Maranhão novamente na rota dos crimes bárbaros.

As mãos decepadas de dois índios, a golpes de facão, têm as digitais da velha prática dos coronéis remanescentes dos senhores de engenho.

Pelo grau de violência utilizado no ataque têm-se a dimensão dos objetivos de quem praticou o ato.

Eles não queriam apenas matar. O objetivo principal é deixar um grande recado: a violência visa acuar as vítimas sob o choque do terror, a fim de intimidar qualquer tentativa de resistência no futuro.

Todas as causas do massacre incidem sobre a carcomida estrutura fundiária do Maranhão, dominada pelo latifúndio, grileiros, pistoleiros e madeireiros.

É deste segmento que emergem muitos prefeitos e vereadores, nos carcomidos esquemas de corrupção eleitoral que produzem a miséria e a degeneração humana.

Nesse estilo de violência, o Maranhão retrocede às marcas do cangaço.

O episódio torna-se mais absurdo pela suspeita de que o deputado federal Aloisio Mendes (PTN), ex-secretário de Segurança no Governo Roseana Sarney (PMDB), teria incitado o massacre durante entrevista a uma emissora de rádio.

Só as investigações vão afirmar se o parlamentar agiu em conluio com os cangaceiros.

Portanto, espera-se do Governo do Maranhão medidas austeras para coibir as organizações criminosas que vêm espalhando terror no campo.


E, sobretudo, uma investigação que consiga de fato chegar aos responsáveis por mais essa mancha de sangue.


EM TEMPO: Jornal O Globo destaca deputado Aluísio Mendes como acusado de incitar ataque a Gamelas


O jornal O Globo informou nesta segunda-feira (1°) que o deputado federal Aluísio Mendes (PTN-MA) esteve este final de semana na cidade de Viana e incitou o conflito que ocorreu na cidade este feriado. Ex-secretário de Roseana Sarney, ele esteve este final de semana na cidade e deu entrevista a rádios locais contra os índios.

O deputado federal Aluisio Guimarães Mendes Filho (PTN/MA), que foi assessor presidencial de José Sarney e secretário de Segurança Pública na última gestão do governo de Roseana Sarney, concedeu entrevista a uma rádio local, após a retomada de sexta-feira, 28, e se referiu aos Gamela como de “pseudo indígenas”, onde em diversos momentos o conteúdo de sua opinião era de incitação à violência. Num trecho o parlamentar percebe os excessos e tentar baixar o tom.

“Botou gasolina na fogueira que acenderam pra queimar o nosso povo. Não teve responsabilidade com as nossas vidas. As notícias que chegavam era de uma concentração cada vez maior de fazendeiros pra nos atacar. Mobilizaram por celular e pelas rádios. Pegaram gente de outras regiões. Pensávamos que seria na (aldeia) Cajueiro, mas quando percebemos que seria no Povoado das Bahias, não tinha como ficar lá com tão pouca gente. Olha, foi um massacre”, destaca um outro Gamela presente na hora do ataque e que sofreu apenas escoriações.

As Polícias Civil e Militar, atuaram, conjuntamente, para inibir os conflitos entre fazendeiros e indígenas no povoado Bahias, no município de Viana, distante 214 km da capital, São Luís. O Governo do Estado tem mediado a tensão gerada no local, oportunizando diálogos e tentativas de entendimentos. Por determinação do governador Flávio Dino, as forças de segurança do estado continuam no local.

A Polícia Militar atendeu, no domingo (30), à ocorrência do conflito. Ao chegar ao local, os policiais agiram para dissipar o confronto entre os fazendeiros e o grupo de índios Gamela, que resultou na lesão de cinco pessoas (três fazendeiros e dois indígenas), todas socorridas pelos militares e encaminhadas para unidades de Saúde de Viana e Matinha. Dois desses feridos, em estado mais grave, foram encaminhados para São Luís. Os indígenas Gamela decidiram se retirar de uma área tradicional retomada, antevendo a violência iminente, e enquanto saíam sofreram uma investida de dezenas de homens armados de facões, paus e armas de fogo. Pouco puderam fazer em defesa própria a não ser correr para a mata.

Existe uma reivindicação de reconhecimento do povo Gamela e ao mesmo tempo um movimento pela retomada das terras que lhes pertenceram no passado. O reconhecimento ainda não foi efetuado pela FUNAI. A tentativa de retomada das áreas colocaram, neste domingo, o movimento Gamela em confronto direto com posses de trabalhadores rurais já consolidadas e também com fazendeiros. Até o momento, não há nenhuma determinação legal de desapropriação das áreas com domínio consolidado e devolução aos Gamelas. O governo do estado tem mediado a tensão, oportunizando diálogos e tentativas de entendimentos.


(Com informações do Blog do John Cutrim)

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