Reestruturação do banco começa com a extinção
das áreas de crédito imobiliário e de relações com funcionários. Perderam os
cargos 10 dirigentes e outros cinco mudaram de área. Próxima etapa é
enxugamento do quadro.
Paulo Silva Pinto , Antonio Temóteo
Correio Braziliense
O Banco do Brasil (BB) iniciou ontem o profundo
processo de reestruturação que vem sendo planejado desde o início do governo de
Michel Temer. Das 27 diretorias, duas foram extintas: a de Crédito Imobiliário
(Dimob) e a de Relações com Funcionários e Entidades Patrocinadas (Diref), que
ficará com a recém-criada diretoria de Governança de Entidades Ligadas.
Perderam os cargos 10 diretores do banco e outros cinco mudaram de área. A área
de Estratégia da Marca foi cindida para dar lugar às diretorias de Estratégia e
Organização e de Marketing e Comunicação.
Além dessas mudanças, O BB deve anunciar nos
próximos dias um plano de demissões voluntárias. Os números ainda não estão
definidos. Comenta-se nos corredores da instituição que a meta é reduzir em até
18 mil o atual quadro de 115 mil colaboradores. A ideia do governo é tornar a
instituição mais leve, o que poderá também reduzir o escopo de negócios.
Aviso
Os 93 funcionários da Dimob foram avisados no
final da tarde de ontem que a área será integrada à Diretoria de Empréstimos e
Financiamentos (Diemp), na qual trabalham outras 133 pessoas. O enxugamento
será inevitável. O diretor da Dimob, Hamilton Rodrigues, vai se aposentar. As
áreas reunidas ficarão sob o comando de Edson Pascoal Cardozo, servidor de
carreira do banco, que foi promovido.
A Dimob é extramente simbólica. Foi criada há
cinco anos, separando-se da Diemp, quando a economia brasileira bombava e a
popularidade de Dilma Rousseff estava nas alturas. Não há dúvidas de que a área
perde prestígio dentro do banco. O foco era o Minha Casa Minha Vida, uma das
principais vitrines da administração petista. O programa habitacional já vinha
perdendo importância há pelo menos um ano na instituição financeira.
O BB é hoje o segundo no mercado de crédito
imobiliário, com 8,63% do mercado, perdendo apenas para a Caixa Econômica
Federal, isolada em primeiro lugar, com fatia de 51,72%. Mesmo com a diferença
grande, o BB tem uma carteira respeitável, de R$ 53 bilhões em empréstimos.
Isso tende a diminuir muito nos próximos anos, com a mudança de foco da
instituição.
A diretoria de Entidades Ligadas, que será
comandada por Cícero Przendsiuk, ficará subordinada à vice-presidência de
Finanças e passará a acumular as funções da extinta Unidade de Gestão de
Entidades Ligadas. A área será responsável pelo relacionamento com a Previ,
fundo de pensão dos empregados da estatal, com a Cassi, plano de saúde dos
empregados do banco, e com a Economus, fundo de pensão dos funcionários da
Nossa Caixa, comprado pelo BB.
Todas as alterações foram aprovadas pelo
Conselho de Administração do BB. O colegiado, presidido pelo
secretário-executivo da Fazenda, Eduardo Refinetti Guardia, também deve
promover trocas nas vice-presidências. O processo tem sido conduzido pelo
presidente do banco, Paulo Rogério Caffarelli, com respaldo do ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles.
Fernando Florencio Campos passará a comandar a
diretoria de Mercados de Capitais e Infraestrutura. O chefe da diretoria de
Tecnologia será Gustavo de Souza Fosse. A diretoria de Agronegócios passará a
ser comandada por Reinaldo Kazufumi Yokoyama. Para a diretoria de Marketing e
Comunicação foi designado Alexandre Alves de Souza. Fabiano Macanhan Fontes
será diretor de Soluções de Atacado; José Eduardo Moreira Bergo, de Segurança
Institucional; Marco Túlio de Oliveira Mendonça, de Crédito; e Márvio Melo
Freitas, de Controladoria.
Técnicos envolvidos na reestruturação do Banco
do Brasil dizem que todas as mudanças buscam a sobrevivência do banco, que
perdeu muita competitividade nos últimos anos. A rentabilidade média caiu à
metade, de cerca de 14% para 7% ao ano.
Caffarelli tem comentado com interlocutores que
é inconcebível o maior banco do país estar tão distante de seus concorrentes
privados. Atribui-se no governo e no BB a perda de competitividade ao uso da
instituição durante as administrações petistas para promover políticas
equivocadas de crédito. O atual presidente, funcionário de carreira do banco,
foi secretário-executivo de Guido Mantega no Ministério da Fazenda.
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