MOMENTO CURIOSIDADE NA POLÍTICA
QUE BICHO É ESSE ?
Qual é a função do vereador?
Pensar no papel das funções e ações do cargo
de vereador, bem como compreender, em linhas gerais, sobre o processo de sua
eleição.
Em tempos de eleição, não faltam promessas. No pleito pelos cargos
públicos, sejam eles em esfera municipal, estadual ou federal, o apelo e a
tentativa do convencimento por meio de promessas é um dos mecanismos mais
usados pelos candidatos. E nessa busca pelo voto, pelo apoio, os candidatos
podem se perder em meio às promessas de ações impraticáveis, seja pela
complexidade do assunto, seja pela própria limitação das atribuições legais
daquele cargo almejado. No entanto, no afã pela vitória, não apenas se fala
demais, mas se promete absurdos, como se vê nas eleições para vereador a cada
quatro anos. Nesse sentido, conhecer as atribuições e verdadeiras funções do
cargo legislativo municipal é fundamental não apenas aos que almejam ocupar
tais cargos, mas principalmente para os eleitores, os quais munidos de algumas
noções facilmente poderão identificar falácias, mentiras e uma sorte de discursos
eleitoreiros absolutamente descolados da realidade.
Mas, o que faz o vereador? Enquanto agente político, ele faz parte do
poder legislativo, sendo eleito por meio de eleições diretas e, dessa forma,
escolhido pela população para ser seu representante. Esta noção de
representante da sociedade está entre as noções mais caras dentre suas funções,
pois as demandas sociais, os interesses da coletividade e dos grupos devem ser
objeto de análise dos vereadores e de seus assessores na elaboração de projetos
de leis, os quais devem ser submetidos ao voto da assembleia (câmara
municipal). Dessa forma, são responsáveis pela elaboração, discussão e votação
de leis para a municipalidade, propondo-se benfeitorias, obras e serviços para
o bem-estar da vida da população em geral. Os vereadores, dentre outras
funções, também são responsáveis pela fiscalização das ações tomadas pelo poder
executivo, isto é, pelo prefeito, cabendo-lhes a responsabilidade de acompanhar
a administração municipal, principalmente no tocante ao cumprimento da lei e da
boa aplicação e gestão do erário, ou seja, do dinheiro público.
Quanto à dinâmica das discussões e votações nas sessões, os vereadores
organizam-se entre partidos que são considerados da base do governo (não apenas
aquele do qual o prefeito faz parte, mas também outros que aderem ao modelo de
governo da atual gestão) e os que são considerados de oposição. Vale dizer que
o fato de um vereador ser da oposição não significa que ele sempre se
posicionará contra as medidas propostas pelo prefeito ou pelos partidos de
base. O contrário também é verdadeiro, uma vez que a base poderá não aprovar
alguma medida do poder executivo. O que se espera, pelo menos em tese, é que o
posicionamento dos parlamentares sempre seja pautado pelo interesse da
coletividade (isto é, pela racionalidade na análise dos projetos), e não apenas
em termos partidários, da disputa política.
As características gerais do processo de eleição dos vereadores também
devem ser compreendidas. Diferentemente dos candidatos ao cargo executivo de
prefeito, os quais são considerados candidatos majoritários, os interessados
nos cargos de vereador são candidatos proporcionais. Segundo o TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), na eleição para os cargos proporcionais não são eleitos,
necessariamente, os candidatos que conseguem obter a maioria dos votos.
Depende-se de cálculos específicos, os quocientes eleitoral e partidário,
conforme determina o Código Eleitoral brasileiro. O quociente eleitoral trata-se
do resultado da divisão do número de votos válidos no pleito (todos os votos
contabilizados excluídos brancos e nulos) pelo total de lugares a preencher em
cada parlamento, isto é, em cada câmara municipal, no caso de vereadores. Após
a realização do quociente eleitoral (número de votos por cadeira do
legislativo), calcula-se o quociente partidário, o qual determinará a
quantidade de candidatos que cada partido ou coligação terá na câmara. Para
este cálculo, divide-se o número de votos que cada partido/coligação obteve
pelo quociente eleitoral. Assim, como aponta o TSE, quanto mais votos as
legendas conseguirem, maior será o número de cargos destinados a elas. Os
cargos devem ser preenchidos pelos candidatos mais votados de partido ou
coligação, até o número apontado pelo quociente partidário. Por isso, muitas
vezes, estranha-se por que algum candidato com certa notoriedade ou
visibilidade mais destacada (muito bem votado) não tenha conseguido se eleger,
em detrimento de outro, menos conhecido e menos votado. A resposta poderia
estar no fato de que o primeiro (embora mais votado) seria de um partido e
coligação que não alcançou o quociente eleitoral, diferentemente do segundo
que, por conta de sua coligação, foi “puxado” para dentro, sendo eleito.
Sim,
muitos candidatos disputam 57.434 vagas de vereadores disponíveis em todo o
Brasil, infelizmente, o crescimento do número de candidaturas por todo o Brasil
talvez seja um indicador de como muitas pessoas são atraídas à vida política
menos por engajamento e conscientização que por interesses escusos e de
promoção pessoal. Se por um lado faz parte da realidade brasileira um maior
amadurecimento político da sociedade, o fortalecimento da democracia, bem como
um processo eleitoral moderno copiado pelo mundo afora (quando pensamos nas
urnas eletrônicas), pelo outro, ainda existem indivíduos que veem na política a
possibilidade da ascensão econômica e do prestígio social, distanciando-se dos
verdadeiros propósitos da vida pública.
Obviamente, as generalizações são sempre equivocadas e por isso é certo
ponderar que existem muitos candidatos sérios e comprometidos. No entanto, a
história da política brasileira confirma a existência permanente de políticos
de ocasião, oportunistas e de caráter duvidoso. Estes, na ânsia da realização
de seu projeto pessoal de carreira política, acabam prometendo até mesmo fazer
chover. Daí a necessidade do desenvolvimento de uma consciência política cada
vez mais apurada e aguçada, pronta para descartar o voto nestes indivíduos e
para confirmar o apoio aos que realmente desejam uma cidade melhor para todos.
Por isso, votemos conscientes.
(Paulo Silvino Ribeiro, Colaborador Brasil
Escola)
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