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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Grupo de separatistas quer plebiscito informal para separar o Sul do resto do Brasil




Movimento pretende instalar 4 mil urnas em Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina para realizar votação


A gaúcha Anidria Rocha, 46 anos, administra 20 grupos de Whatsapp e acompanha centenas de outros. O requisito para fazer parte deles é simpatizar com a causa “O Sul é Meu País”, que deseja separar Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul do Brasil.
Moradora de São Jerônimo (a 70 km de Porto Alegre), a empresária lidera o movimento que organiza um plebiscito informal marcado para outubro, com 4 mil “urnas” nos três Estados.


A votação ocorrerá no dia 2 de outubro, simultaneamente às eleições municipais, das 8h às 17h. As urnas estarão a pelo menos cem metros dos colégios eleitorais. A cédula fará a pergunta: “Você quer que o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formem um país independente?”.



A meta é alcançar 1 milhão de pessoas, o equivalente a 5% dos eleitores do Sul. Voluntários irão bancar custos de urnas e cédulas.


Segundo o promotor gaúcho Rodrigo Zilio, do gabinete eleitoral, a votação não tem legalidade, mas é permitida. Para ter algum valor, o plebiscito deveria seguir a lei 9.709, o que exigiria que fosse aprovado pelo Congresso e sob regulação da Justiça Eleitoral.

Pelo mundo

O grupo argumenta que movimentos separatistas são comuns no mundo. “Falam em 400 movimentos por independência no mundo. A cada ano, três ou quatro países se separam”, diz Anidria.

A líder enumera exemplos de novos países, como Namíbia, Sudão do Sul, Timor-Leste, Eritreia e Palau, frutos de processos de separação.

Apesar de o primeiro artigo da Constituição definir que a República Federativa do Brasil é “formada pela união indissolúvel dos Estados”, o grupo pretende pleitear a ideia junto a órgãos internacionais.

Além da ONU, o resultado será levado para a Unpo, organização internacional que defende minorias não reconhecidas e seus territórios.

Os militantes comparam a iniciativa com o desejo separatista da Catalunha, na Espanha. Um jornal catalão publicou em março matéria com o título “El sur de Brasil sigue los pasos de Catalunya”.

O movimento sulista, porém, é mais jovem. Foi fundado há 23 anos, em um congresso em Laguna (SC), com o liderança de Adílcio Cadorin, ex-prefeito da cidade.

Xenofobia

O historiador Tau Golin, da UPF (Universidade de Passo Fundo), define o ato como “xenófobo”. “É um movimento antibrasileiro que mostra a dificuldade certos grupos têm de se integrar à nação”.

Os separatistas, diz, “não admitem a ideia de pluralidade” e consideram descendentes de italianos e alemães, comuns no Sul, como “especiais” ou “raça superior”.

O atrito ecoa no MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho). Para o autor de músicas típicas gaúchas Daniel Brasil, 54, o MTG não defende abertamente o separatismo.

“Os caras comemoram uma coisa que ninguém ganhou nada”, diz o artista sobre a Revolução Farroupilha, que queria criar a República Rio-Grandense e declarar independência do Império.

A disputa foi perdida, mas é intensamente comemorada em setembro pelos gaúchos. “Quando conseguirmos separar o Sul, eu mudo meu sobrenome”, brinca Brasil.



Movimentos separatistas no Brasil



Presentes em diversos lugares do mundo, os movimentos separatistas pregam pela independência de seus territórios. Um dos mais famosos grupos deste tipo encontra-se na Irlanda, o IRA (Exército Republicano Irlandês), que prega a separação da Irlanda do Norte do Reino Unido e reanexação à República da Irlanda. Outra organização conhecida é o ETA (Euskadi Ta Askatasuna), que procura a independência da região do País Basco (Euskal Herria), de Espanha e França.

A maioria destes grupos concentra-se no continente Europeu, mas existem diversos movimentos separatistas no Brasil. Em sua maioria, lutam pela independência de alguns territórios brasileiros. Geralmente, suas motivações são políticas e econômicas, baseadas na autodeterminação das populações originárias de certa região.

Apesar de existirem diversos grupos contemporâneos, estas organizações estão presentes no país desde a época de Amador Bueno, um paulista que o povo aclamou rei em São Paulo. Este episódio confunde muitas pessoas que acham que foi D. Pedro I o pioneiro a gritar independência no país.

Entre os principais momentos históricos de independência no Brasil, outro movimento que teve sucesso foi a Província Cisplatina que, após o término da Guerra da Cisplatina, conseguiu a independência tornando-se a República Oriental do Uruguai, atual Uruguai.

Há um artigo na Constituição Brasileira de 1988 que diz que a República Federativa do Brasil é "formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal". Apesar disso, dentro da mesma legislação há outro artigo que garante a liberdade de manifestação individual de pensamento, contanto que não sejam utilizadas armas de fogo, atentados contra a vida pública ou incitação de violência.

Alguns movimentos separatistas que encontramos atualmente no Brasil são: Movimento República Rio-grandense (MRR), Movimento pela Independência do Pampa (MIP), O Sul é o Meu País, Grupo de Estudos Nordeste Independente (GESNI), Movimento São Paulo Independente (MSPI), Movimento República de São Paulo ou (MRSP), Movimento Liberdade da Pátria Paulista, Movimento São Paulo para os Paulistas, entre outros.

Por Felipe Araújo

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