A Libertadores-2018 não terá a presença de
clubes que tiverem com problemas nas contas ou sem estádio garantido, seja
alugado ou próprio. Pelo menos é o que diz o regulamento da Conmebol para
licenças de times que serão obrigatórias daqui a dois anos. A CBF deve ter
regras similares na mesma temporada.
O licenciamento de clubes da Conmebol chega com
um atraso de quase 10 anos em relação à Europa. A Fifa criou o sistema em 2007,
e a UEFA o implantou no ano seguinte. Só agora a confederação sul-americana
colocará em prática essas regras: ainda faltando decidir o órgão que as
aplicará e detalhes sobre as exigências.
No documento, publicado no final de setembro,
há uma série de pré-requisitos para poder disputar a Libertadores e a Copa
Sul-Americana. Alguns são mais fáceis para os grandes clubes brasileiros como
manter categorias de juvenis estruturadas e departamentos profissionais de
marketing, futebol, finanças.
As regras de estruturas físicas e
principalmente as financeiras são mais complicadas. Na questão de estrutura, o
clube terá de ter um estádio próprio ou um alugado com contrato fixo. Clubes
cariocas como Flamengo e Fluminense, este ano, por exemplo, estavam itinerantes
boa parte do Brasileiro como Maracanã fechado. Há exigências de condições de
conforto para os estádios apresentados, como áreas de imprensa, espaços
internos específicos, etc. Teoricamente, as arenas passarão por fiscalizações.
Mas o maior desafio deve ser financeiro. As
regras da Conmebol preveem que os clubes apresentem relatórios financeiros com
detalhes como dívidas por transferências, com partes relacionadas
(investidores) e salários. Além disso, devem explicar suas receitas de
televisão, de jogadores, de patrocínios. E estão proibidos de ter jogadores
pertencentes a terceiros.
É um primeiro passo para cobrar que os clubes
só possam ter a licença quando não tiverem dívidas de salários e transferências
como ocorre na Europa. Ou seja, time caloteiro não disputará a Libertadores no
futuro. ''Essas mudanças vão ser aos poucos. Na Europa, a cada ano aumenta o
número de exigências'', contou Marcos Motta, advogado que ajuda na construção
do sistema de licenciamento da CBF.
A confederação deve finalizar seu sistema de
licenciamento até o final do ano. Mas a implantação também será gradativa com
algumas clubes sendo usados como laboratório. O texto final já está pronto, mas
ainda não foi publicado nem está em vigor já que o chamado processo de reformas
da entidade anda a passos lentos. O regulamento da Conmebol obriga as
associações a criar seu próprio sistema nacional – até agora só o Peru já tem
um.
Dentro da comissão da CBF, há a consciência de
que, hoje, os clubes cumprem boa parte das exigências, mas terão de se adaptar
a novas obrigações. Há o entendimento de que, na América do Sul, pode haver
ainda mais dificuldade em outros países. As regras no Brasil ocorrem juntamente
com a implantação da Lei do Profut pela qual times serão rebaixados no Brasileiro
se tiverem dívidas fiscais ou não cumprirem certos requisitos financeiros a
partir de 2018.
No caso da Libertadores, a data limite para os
clubes apresentarem todos os seus documentos financeiros regulares será 30 de
novembro de 2017 para poder disputar a Libertadores-2018. É até lá que os times
brasileiros terão de cumprir seu primeiro desafio de ajeitar as finanças ou
poderão começar a ser excluídos de competições.
PS Ressalte-se que temos que esperar para saber
se a Conmebol e a CBF vão de fato aplicar as regras financeiras e de estruturas
ou fazem as regulamentações só para cumprir o que a Fifa manda. Afinal, ambas
as entidades têm um histórico de condescendência com times grandes do
continente e do país.
(Fonte Blog do Rodrigo Mattos,UOL)
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