A imprensa britânica, que já
tinha registrado repúdio a ações de alguns brasileiros que foram à Rússia para
a Copa do Mundo e não apresentaram exatamente um comportamento exemplar em
relação aos episódios de assédio às mulheres locais, agora faz críticas também
ao comportamento dos brasileiros dentro de campo. O principal alvo nesta
sexta-feira foi o jogador da transação mais cara da história do futebol,
Neymar, citado nas reportagens como mimado, resmungão, dramático e até
trapaceiro depois da vitória da seleção por 2 a 0 sobre a Costa Rica, em São
Petersburgo.
No início da transmissão da
partida feita pela iTV, que compartilha as exibições dos jogos com a BBC no
Reino Unido, o narrador encerrou o primeiro tempo do jogo, quando nem Brasil
nem Costa Rica tinham conseguido alterar o placar, ressaltando que até então o
que se viu em campo foi um "início de Copa frustrante para Neymar e
Brasil". Quando Philippe Coutinho fez o primeiro gol e, finalmente, a
seleção brasileira conseguiu abrir o placar, o mesmo locutor comemorou:
"Esse é o Brasil!".
No final do jogo, que terminou
com vitória brasileira por 2 a 0 e eliminou o país da América Central da
competição, outra dúvida surgiu quando o atacante do Paris Saint-Germain se
ajoelhou no campo e começou a chorar: "Seriam lágrimas de crocodilo ou de
alívio?". Após alguns segundos, continuou: "Apenas Neymar
saberá...". Na reportagem da BBC na internet, a rede britânica até deu uma
trégua ao camisa 10. "O talismã do Brasil chorou após o apito final - a
vitória foi um alívio tanto para ele quanto para sua nação."
O site do jornal The Guardian,
no entanto, não poupou o desempenho do time e do principal atacante da seleção
brasileira. A reportagem começa dizendo que a vitória "veio tarde" e
foi "quase feia" em São Petersburgo, com os gols sendo marcados apenas
nos acréscimos. "Foi um dia agitado para o jogador mais caro do mundo,
fonte de atritos constantes, que resmungou, gemeu e se jogava no chão
constantemente, podendo ter sido expulso por uma combinação de desentendimentos
e trapaça", trouxe a publicação. "Neymar chorou dramaticamente no
gramado ao apito final, com os ombros tremendo e as mãos protegendo seu rosto
do mundo", acrescentou.
O ponto decisivo para o juiz
holandês Bjorn Kuipers, conforme o The Guardian, foi quando consultou o VAR
(arbitragem de vídeo) para verificar se o Brasil tinha ou não direito a um
pênalti depois que Neymar foi ao chão dentro da área adversária em um lance no
segundo tempo do confronto.
"Nos 60 minutos
anteriores, Neymar vinha falando, tagarelando, gemendo, contorcendo-se,
enlouquecendo os ouvidos, enfurecido com o tratamento rude da defesa retrancada
da Costa Rica", pontuou. "Enquanto o Brasil defendia um escanteio,
Kuipers podia ser visto dizendo ao capitão do Brasil para ficar quieto da
maneira como um pai exasperado fala com um adolescente mal-humorado e
mimado", ilustrou.
O The Telegraph também seguiu
o caminho das críticas, dizendo que Neymar e Coutinho - eleito por todos como o
melhor da partida - demoraram para agir e levaram uma vitória mal-humorada
sobre a Costa Rica. O texto do jornal na internet salientou que o jogo desta
sexta-feira será lembrado como "o dia em que o Brasil escapou de um lugar
ao lado da Argentina na zona de perigo". Salientando que o País é o
favorito no torneio, o Telegraph destacou que o "Brasil foi sugado pelos
dramas privados de Neymar".
"Neymar reclamou
constantemente do árbitro no jogo da Costa Rica e pouco tocou na bola durante a
maior parte do jogo." A reportagem enfatizou ainda que ele se abaixou no
gramado no fim da partida, enquanto companheiros de equipe o abraçavam.
"Essa fixação por Neymar não vai desaparecer", avaliou, acrescentando
que a justiça venceu no jogo quando o juiz constatou por meio do vídeo de
revisão que o astro havia caído muito facilmente depois que o jogador da Costa
Rica Giancarlo González simplesmente tocou em seu peito.
Para o mesmo veículo, o Brasil
ainda tem bastante espaço para melhorar agora que pode ficar mais calmo.
"Eles não podem, no entanto, continuar se entregando a Neymar",
recomendou a publicação britânica.
(Fonte: ESTADÃO)
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