O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi
preso na manhã desta quinta-feira (22) em São Paulo na 34ª fase da Operação
Lava Jato. O mandado é de prisão temporária. Segundo o Ministério Público
Federal (PMF), o empresário Eike Batista disse em depoimento ter pago US$ 2,35
milhões ao PT a pedido do ex-ministro. À época, a quantia era equivalente a
cerca de R$ 4,7 milhões.
O advogado de Mantega, José Roberto Batochio,
disse que o ex-ministro foi preso no hospital Albert Einstein, no Morumbi, Zona
Sul de São Paulo, onde estava com a mulher, que passou por uma cirurgia. “Ele
está sendo retirado da sala de cirurgia por policiais nesse momento”, disse
Batochio ao G1 às 7h50.
Do hospital, os policiais levariam Mantega até
o apartamento do ex-ministro em Pinheiros, na Zona Oeste, para cumprir um
mandado de busca e apreensão.
Os policiais já haviam estado mais cedo na casa
do ex-ministro. Batochio não soube dizer se foram apreendidos objetos.
A atual fase da Lava Jato investiga a
contratação, pela Petrobras, de empresas para a construção de duas plataformas
(P-67 e P70) de exploração de petróleo na camada do pré-sal, as chamadas
Floating Storage Offloanding (FSPO´s).
Segundo a PF, as empresas se associaram na
forma de consórcio para obter os contratos de construção das duas plataformas,
mesmo sem possuir experiência, estrutura ou preparo para tanto. A PF afirma
que, nesse processo, houve fraude do processo licitatório, corrupção de agentes
públicos e repasses de recursos a agentes e partidos políticos responsáveis
pelas indicações de cargos importantes da Petrobras
A PF afirma que, no ano de 2012, Guido Mantega
“teria atuado diretamente junto ao comando de uma das empresas para negociar o
repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de partido político
da situação”. “Estes valores teriam como destino pessoas já investigadas na
operação e que atuavam no marketing e propaganda de campanhas políticas do
mesmo partido”, continua a PF.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF),
Eike Batista, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, prestou
depoimento e declarou que, em 1/11/2012, “recebeu pedido de um então ministro e
presidente do Conselho de Administração da Petrobras” – Mantega – para que
fizesse um pagamento de R$ 5 milhões, no interesse do Partido dos Trabalhadores
(PT).
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O ex-ministro Guido Mantega chega à sede da PF em SP (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo) |
“Para operacionalizar o repasse da quantia, o
executivo da OSX foi procurado e firmou contrato ideologicamente falso com
empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por
disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes.
Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em
19/04/2013 foi realizada transferência de US$ 2.350.000,00, no exterior, entre
contas de Eike Batista e dos publicitários”, continua o MPF em nota.
34ª fase
Policiais federais estão nas ruas desde a
madrugada desta quinta para cumprir mandados desta 34ª fase da Lava Jato. As
ordens judiciais estão sendo cumpridas em cinco estados, além de no Distrito
Federal: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. A
ação foi batizada de Operação Arquivo X.
Foram expedidos 33 mandados de busca e
apreensão, oito de prisão temporária e oito de condução coercitiva, que é
quando a pessoa é levada para prestar depoimento.
Em São Paulo são cumpridos 9 mandados: 2 de
prisão e 7 de busca e apreensão – desses, 6 na capital e um em Ibiúna.
8 anos ministro
Guido Mantega foi o ministro da Fazenda que mais
tempo permaneceu no cargo em governos democráticos. Ele deixou o posto para dar
lugar ao economista Joaquim Levy no final de 2014. Mantega assumiu o Ministério
da Fazenda em 27 de março de 2006 após a demissão de Antonio Palocci, envolvido
no escândalo da quebra de sigilo ilegal do caseiro Francenildo dos Santos.
Depois de mais de oito anos no comando da
pasta, Guido Mantega entregou ao sucessor números que mostraram êxito na
criação de empregos, mas crescimento econômico baixo, inflação próxima ao teto
da meta do governo e contas públicas com seu pior resultado em 11 anos.
Quadro histórico do Partido dos Trabalhadores,
ele nasceu em Gênova (Itália) e sempre defendeu uma filosofia econômica mais
voltada ao desenvolvimento da economia, com juros mais baixos. Formado em
economia pela USP, intitula-se “keynesiano”, corrente que defende que o mercado
não se autorregula e, também, por uma intervenção maior do Estado na economia.
É casado e pai de quatro filhos.
33ª fase
A penúltima fase da operação foi deflagrada no
dia 2 de agosto e foi batizada de Resta Um. O principal alvo foi a Queiroz
Galvão, suspeita de fraudar licitações da Petrobras e de pagar propina para
evitar investigações de uma CPI no Senado.
O ex-presidente da construtora Ildefonso
Colares Filho e o ex-diretor Othon Zanoide de Moraes Filho foram presos
preventivamente. Já Marcos Pereira Reis, que é ligado ao consórcio Quip, foi
solto no dia 9 de agosto.
(Fonte: G1 SP)
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