O Instituto de Promoção e
Defesa do Cidadão e Consumidor do Maranhão (Procon/MA) iniciou, nesta
segunda-feira (26), um procedimento investigativo para apurar possível
abusividade no reajuste das contas de energia no Maranhão. A Agência Nacional
de Energia Elétrica (ANEEL) e a Companhia Energética do Maranhão (Cemar) têm
cinco dias para justificar o reajuste proposto de 19,05%.
A cada quatro anos, a ANEEL
realiza uma Revisão Tarifária Periódica (RTP). O novo valor da tarifa de
energia elétrica solicitada pela Cemar foi de 0,603 R$/KWh, o que, segundo o
Sindicato dos Urbanitários do Maranhão (STIU-MA) tornaria a tarifa do Maranhão
a mais cara do país. Uma audiência chegou a ser marcada no dia 14 de junho para
apresentar a proposta aos consumidores, mas foi suspensa pela Justiça Federal
por não ter sido amplamente divulgada, como exige a Resolução Normativa nº
483/2012 da própria ANEEL.
Para o presidente do Procon/MA,
Duarte Júnior, o reajuste não condiz com a qualidade do serviço prestado. “Os
lucros milionários da concessionária de energia, constatados através dos
relatórios, deixam claro que o aumento não é necessário para a manutenção da
atividade. Dessa forma, estamos investigando a fim de que, diante do atual
momento de recessão econômica, o consumidor não seja onerado excessivamente”,
afirmou o presidente.
Cabe ressaltar que o Artigo
39, incisos V e X do Código de Defesa do Consumidor, qualifica como práticas abusivas
a cobrança de vantagem manifestamente excessiva e a elevação do preço de
produtos e serviços sem justa causa.
Além disso, somente em 2016, a
Cemar teve um lucro líquido (livre de imposto e contribuição social) de R$ 399
milhões, obtidos sobre uma receita de R$ 3,06 bilhões. A companhia maranhense,
que integra o Grupo Equatorial, possui a 75º maior receita do Brasil e é a 10ª
que mais rende lucros no setor elétrico brasileiro. O setor, aliás, não foi
afetado pela crise, com lucro superior a R$ 10 bilhões em 2015.
A ANEEL e a Cemar têm o prazo
de cinco dias para apresentar justificativa pra o aumento proposto, esclarecer
quanto aos danos que podem ocorrer devido ao fornecimento com oscilações da
energia e sem níveis de tensão adequados e ainda apresentar plano de melhorias
e alternativas mais viáveis para o reajuste.
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