O Ministério Público Federal no Ceará (MPF/CE)
informou que recebeu relatório da Polícia Federal (PF) que constata que as
provas do primeiro e do segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem),
além da prova da redação, vazaram para pelo menos dois candidatos antes do
início da aplicação do exame.
O Enem foi aplicado nos dias 5 e 6 de novembro
para 5,8 milhões de candidatos em todo o país.
Em nota, o MPF diz que – em trecho do relatório
– a PF destaca que, após a análise de celulares apreendidos durante operações
nos dias do exame, concluiu-se que os candidatos receberam fotografias das
provas e tiveram acesso aos gabaritos e ao tema da redação antes do início do
exame.
Os estudantes tiveram acesso à “frase-código”
da prova rosa, o que permitia que candidatos que deveriam fazer provas
diferentes da rosa pudessem preencher o cartão de respostas de acordo com o
gabarito transmitido pela quadrilha, não importando a cor da prova que o
candidato tenha recebido no exame, já que a frase-código é o que legitima a
correção conforme a cor referente à frase.
Candidatos presos em Minas Gerais e no Maranhão
Os dois candidatos foram presos, um em Minas
Gerais e outro no Maranhão. Ambos receberam exatamente as mesmas fotografias
com gabaritos das provas, porém, de intermediários diferentes, “deixando claro
que a origem do vazamento é a mesma”.
Quanto à prova de redação, a perícia da PF
identificou que os candidatos presos iniciaram pesquisas no Google sobre o tema
da redação a partir das 9h30 do dia 6 de novembro, indicando que tiveram acesso
ao tema antes do início da aplicação das provas.
O procurador da República, Oscar Costa Filho,
do MPF/CE, disse que a íntegra do relatório e peças do inquérito serão anexadas
ao recurso do MPF que tramita no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, no
Recife (PE). Em novembro, o procurador ingressou com ação na Justiça Federal
pedindo que fosse anulada a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem).
O pedido foi negado pela Justiça e o MPF entrou
com recurso. “Uma quadrilha organizada nacionalmente teve acesso antecipado às
provas. Isso compromete a lisura do exame e a própria credibilidade da
logística de segurança que vem sendo aplicada”, argumenta o procurador.
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